O futuro da qualidade da educação no Brasil está na dependência da escolha entre uma visão verticalizada de melhora da escola ou uma visão participativa de melhora. Os modelos verticalizados não estão sendo bem sucedidos onde têm sido usados. Eles baseiam-se na pressão social sobre a escola. Substituí-los implica a criação de opções que passam pela mobilização de professores, alunos, gestores e pais em cada escola, para com eles criar novas formas de avaliação e responsabilização participativa, envolvendo também o poder público.
Acumulamos grande quantidade de informações sobre as escola, mas tais informações não conseguem servir de reflexão para sua prática por falta de mobilização local, por falta de estratégias participativas locais de apropriação desses dados. Não basta disponibilizá-los em sites ou bases de dados.
Tem havido uma tendência nos governos a apelar para sistemas de gerência de informações (big data) que têm sido utilizados mais para expor as escolas e o magistério ante a comunidade do que para serem usados em processos de mobilização e participação na melhora da qualidade. A questão da qualidade não é um assunto puramente técnico, mas é igualmente político, de participação.
Temos confundido nota mais alta com melhora da qualidade e cobrado da escola que ela melhore suas médias em testes sem olhar para os processos sociais que os ocorrem dentro dela e em seu entorno. Além disso, decisivo para a melhora dos processos escolares é ter um menor número de alunos por professor em sala de aula, educação de tempo integral, professores igualmente em tempo integral nas escolas com o fim da contratação de professores horistas em especial nas séries finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio, bem como uma politica salarial séria. Tais ações são de responsabilidade dos governos.
Em educação não existe solução a partir co controle de um único fator (salários, avaliação ou formação do professor, por exemplo). Vários fatores têm de ser considerados simultaneamente e tais fatores têm valores que mudam de escola para escola. A comunidade escolar necessita estar envolvida para poder definir os valores locais desses fatores e articulá-los em processos de melhora. Portanto, a questão técnica e de obtenção de dados é apenas uma pequena parte da solução, cabendo a maior parte aos processos de mobilização e participação que têm a ver com as relações entre os atores escolares que estão presentes em cada escola.
Visões apressadas e verticalizadas baseadas na pressão conduzirão a educação a uma década perdida.

Texto de Luiz Carlos de Freitas. Professor titular da Faculdade de educação da Unicamp. Carta Fundamental Julho/agosto de 2014
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